sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Viajo porque preciso, volto porque o dinheiro acaba

Minha mãe é uma pessoa fantástica (sim, meus caros, eu falo muito da minha mãe, get used to it). Nasceu em uma família pobre, conquistou um patrimônio razoável e criou (muito bem, modéstia a parte) dois filhos e duas enteadas, enquanto se desdobrava para crescer profissionalmente. Além disso, ela tem o corpo de uma pessoa 20 anos mais jovem, corre maratonas, cuida de uma empresa e de duas cachorrinhas, cozinha banquetes para a família e, ao final de cada dia, ainda encontra tempo para me ligar e me ouvir falar por 1 hora sem interrupções sobre as coisas mais aleatórias possíveis que, muito provavelmente, nem a interessam tanto assim. Ah, e obviamente, ela faz o mesmo para os meus outros 3 irmãos.

O que eu não entendo é porque uma pessoa tão incrível como ela não tem a menor vontade de cair no mundo e conhecer o existe por aí. Sei lá, viajar, mergulhar em novas culturas, sentir o arrepio de estar em Paris durante a noite, provar a massa verdadeiramente italiana, congelar na neve de Berlin ou se encantar pela beleza de Budapeste. Não tenho dúvidas que ela, que já é tão incrível, seria ainda mais fanstática depois de novas experiências.

A verdade é que minha mãe é uma dessas pessoas que tem a vida toda planejada e que não vê a menor razão pra sair da rotina que ela mesma criou. Ela está muito bem, obrigada, já instalada em sua zona de conforto e simplesmente não entende porque correr o risco de passar a virada do ano em uma praia cubana andando em carros velhos se existe a oportunidade de passar em sua própria piscina andando em seu carro de última geração.

Não digo que isso seja ruim. Algumas pessoas simplesmente gostam de ter tudo planejado, não só no que diz respeito a viagens, mas a todos os demais aspectos da vida. Eu respeito essa decisão. Só não acho que isso seja pra mim. Honestamente, não quero planejar estar casada e com dois filhos aos 30 anos. Meu maior medo é me tornar uma dessas pessoas típicas da classe média, que casa, tem filhos, matricula-os na escola de inglês quando completam 10 anos, planeja a viagem em família para Disney, trabalha das 08h às 17h e em um dia já decide tudo o que vem nos próximos 20 anos.

Claro, ter planos e metas é importante, mas isso não pode excluir o fator surpresa da vida. Se for pra estar casada, que aconteça, pura e simplesmente, sem qualquer planejamento. E que isso não impeça que o inesperado continue inesperado. É tão loucura não querer ser comum? Querer viajar o mundo ao invés de se instalar aos 25 anos? É assim bizarro querer um pouco de surpresa na vida?

Viajo porque preciso. A satisfação que o desconhecido me dá é inexplicável. E sinceramente? Só volto porque o dinheiro acaba.

Um comentário:

  1. Aproveita menina, porque depois depois que temos filhos o foco da vida muda durante anos (ao menos para a mioria dos mortais)e, fatalmente, as possibilidades de viajar se estreiiiiitam demais. Eu que o diga....

    ResponderExcluir

gritos histéricos