segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Um em dois

É meninas, um dia isso teria que acontecer com alguma de nós (e talvez todas, vai saber o que a vida nos reserva). Mas eis que estou aqui passando por um dilema. Bom, menos drama, não é mesmo? É um dilema, mas um dilema bem gostoso e divertido (por enquanto).

Há um certo rapaz que está na minha vida há uns quatro meses. Tudo começou muito rápido, numa semana nos conhecemos, na outra já estávamos descobrindo tudo o que há para descobrir fisicamente um do outro. E está assim desde então, nada mais profundo, nem um cinema no domingo, nada demais. Um fugindo do outro sempre que possível e correndo um para os braços do outro quando dá vontade. Sim, sexo sem amor é vontade, eu sei. E às vezes tento me convencer que realmente é apenas isso.

Esse é um. Ele é espontâneo, louco, aparece na minha casa de surpresa, me beija como se eu fosse o último ser humano da terra e me faz perder o chão todas as noites que passamos juntos, acordados e flutuando. Mas não me leva no cinema, não responde as minhas mensagens, não me liga e não me chama para sair com ele em eventos sociais. E por isso é bom, nos temos quando dá vontade e não precisamos definir um nome para esse relacionamento que nem é relacionamento.

Ele “está aqui”, como me disse uns dias atrás. Simplesmente está, não sabe se vai ficar ou por quanto tempo. E vai lá saber se ele quer mesmo ficar ou se amanhã ele resolve não aparecer mais. É uma adrenalina gostosa, confesso. Mas ao mesmo tempo, parece que está faltando algo, que não está certo assim. Como se fosse preciso se entregar de verdade, com toda a intensidade, senão não vale a pena, sabe?

E devido a toda essa inconstância, ele me deixa muito solta. E numa dessas noites soltas me apareceu outro...

...que é um gentleman, um homem de verdade, desses que você pode até sonhar que vai te levar pra praia com os amigos dele. E que vai te pedir em namoro, com flores quiçá. Desses que você pode sonhar, e até mesmo ser um pouco romântica, why not? Ele sempre me chama pra sair: cinema, bar, parque. Pergunta se eu vou estar ocupada durante a semana, fala de lugares que podemos jantar, de filmes que podemos assistir e me beija com ternura enquanto me abraça na sala do cinema. Ele me busca em casa e não se cansa de me esperar após sucessivos bolos.

Mas parece que falta alguma coisa também, porque não tenho tanta vontade assim de estar com ele, porque parece meio morno, parece que a gente ainda precisa descobrir os caminhos um do outro e isso às vezes me dá preguiça.

E após tomar a decisão de não decidir, eu fico me perguntando se é possível que eu consiga aproveitar ambos ao máximo. Até o momento de uma escolha, talvez. E talvez não seja preciso tomar uma decisão no fim das contas. Eu tenho o melhor dos dois mundos, dividido em dois. Ganho um homem completo, em dois separados. Melhor assim, para ocupar os dias da semana que não estou com minhas fofinhas.

Por enquanto está divertido. E como de costume nessas histórias de amor (ou desamor) alguém vai sair machucado, não será surpresa. Resta saber quem.

Revelação

Na verdade, não acho que a culpa seja sua. Honestamente, o meu coração já estava apertado antes mesmo disso tudo acontecer, ainda que eu não soubesse muito bem o porquê. É só que te conhecer tornou evidente o motivo dessa tristeza que se manifesta principalmente aos domingos, não importa quão fantástico tenha sido o fim de semana. Por mais que eu odeie admitir, te conhecer me fez perceber que eu sinto falta de alguém. Meu Deus, eu realmente detesto essa solidão...

Confesso que no início, sair por aí beijando bocas desconhecidas parecia um bom negócio. Era divertido, prazeroso, garantia boas risadas e servia pra passar o tempo. Mas aí beijar bocas desconhecidas serviu ao seu propósito. O tempo finalmente passou e, numa dessas, você apareceu. E como numa revelação, logo depois daquele momento em que nossos lábios se tocaram pela primeira vez, eu percebi que sim, eu quero ter alguém. Eu quero ter em quem pensar antes de dormir e assim que abro os olhos pela manhã. Eu quero entender a alegria que envolve esses casais apaixonados e abobalhados que caminham de mãos dadas pela Avenida Paulista. Eu quero ter alguém pra quem criar apelidos sem sentido e xumbregas. E, correndo o risco de parecer ainda mais melodramática, eu quero sim ter um motivo pra viver.

O mais engraçado é que foi preciso te conhecer pra me conhecer de verdade.

“Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava?”

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ele faz cinema

Ele faz cinema, ele é demais. Com suas viagens mil pela América Latina e mundo afora. Com seu conhecimento de culinária e seus documentários. Cursos em Cuba e jazz, muito jazz. Mas ele estava ali um dia depois de você me perguntar se éramos um e eu estava ali provando para mim mesma o meu medo de ser uma só com você.

Era preciso negar, e ele é a minha negação de você. E então eu falo sem parar, contando histórias e fingindo me interessar por qualquer coisa. Ele faz cinema, e vota no Serra. Quer estudar em Amsterdã, é a favor da legalização e tem uma risada interessante, mas nada se compara ao seu sorriso inigualável com seu dente lascado. E ele me faz rir, às vezes (ou eu me obrigo a isso também apenas para não gastar uma noite e perder a aposta comigo mesma?). E eu continuo falando o tempo todo, muito mais do que me atrevo a falar quando estou com você. Até os silêncios aparecerem, e eu ficar olhando ao redor, já sentindo sua falta. E então menciono você, para te sentir mais perto, para lembrar de uma de suas piadas, a reproduzo, tentando fazer com que você apareça na mesa, tentando fazer com que a conversa tenha graça, como só tem quando você está por perto.

E continuo ali, me perguntando o que será que ele teria a me oferecer. Será que eu conseguiria continuar ali? Mas não sinto nada ali, sou uma pedra que não absorve a conversa e vez ou outra dá um sorriso. Procuro nos dele, os seus olhos, mas eles me enxergam apenas ali, não procuram a minha alma como os seus.

Vamos embora então, quero dormir na cama que ainda tem o seu cheiro. Fiz questão de não trocar os lençóis para poder voltar para você no fim da noite e te abraçar, sonhar com você. Mesmo sendo preocupante, penso agora que talvez isso não importe mais, mas não preciso te contar, não preciso saber de você.

E ainda numa última tentativa, procuro no beijo dele o seu, por alguns minutos, até abrir os olhos, já desistindo. Foi uma noite linda, e eu não precisava estar com você, mas também não queria estar com mais ninguém.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Self-pity day

Não quero mais pedir desculpas! Peço desculpas diariamente para mim mesma.

- Desculpa, Anna, por não conseguir sentir.
- Desculpa Anna, por não conseguir falar o que você sente.
- Desculpa Anna, por não conseguir compartilhar.
- Desculpa por só conseguir escrever.
- Desculpa por não terminar nada nunca.
- Desculpa por machucar as pessoas com suas palavras.
- Desculpa por te matar um pouco a cada dia dentro de mim.

E não é possível que se viva assim, com essa culpa da gente mesmo, com esse dó de sermos nós mesmos. Eu não quero pedir desculpas.

Talvez eu deva aceitar que sou assim, que falo coisas que não quero falar e que te fazem virar as costas e sair andando, que te levam a fazer exatamente o que eu tenho mais medo que você faça. Porque então eu provaria meu ponto. No dia que eu te perdi, ganhei a aposta. E aposto comigo mesma que você vai embora, e que eu vou conseguir realizar isso. Só pra depois pedir desculpas para mim mesma e sentir dó de ser assim, tão idiota.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Amores, amores....

Nós mulheres somos impressionantemente (im) previsíveis.

Somos capazes de ficar dias esperando, ansiosamente, aquela ligação ou mensagem do cara que estamos, aparentemente, apaixonadas. Ficar olhando a cada 2 segundos o Facebook dele, o mural de todos seus amigos, curtindo todas suas mensagens e decorando todas as músicas que ele colocou como favoritas no perfil.

Isso, minhas fofinhas, apenas porque esse foi o MELHOR homem que você já teve na vida, com o MELHOR cheiro, a MELHOR pegada... E o MAIOR pé na bunda que você ainda vai levar.

Não, não acabei de ser largada pelo cara (im) perfeito.

Pela primeira vez na vida, fui o cara perfeito de um cara. Fui aquela que aproveitou, não respondia as mensagens, não retornava as ligações, não dava bola e só queria aquilo. Só aquilo...

E digo mais: FOI BOM! Gostei ser assim.

Gostei o caramba.

AMEI ser assim!

Não estou sendo (in) sensível. Vi essa experiência como um aprendizado. Vi o que nós mulheres nunca devemos fazer e como devemos nos portar diante de nossos futuros e supostos amores.

Fui eu quem pediu o endereço e bateu a sua porta. Fui eu quem não esperou amanhecer e foi embora. NÃO fui eu quem mandou o recado falando que tinha amado a noite anterior e, o melhor de tudo, NÃO fui eu quem acreditou na ligeira mentira de que iria passar o feriado na casa dos pais enquanto estava fazendo a farra na noite da capital.

Recebi mensagens que não conseguia conter o riso. Compartilhei com todos a minha volta, todos riram dele comigo. Ele foi o babaca que eu já fui tantas vezes. E isso é demais!

E quem disse que estava apaixonado...?

TIVE que terminar!

Por quê? Você está me sufocando...