quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pack your bags, something small

Quero ir embora! Cheguei a essa conclusão!

Não tenho raízes, não tenho dinheiro, não tenho família nem amor nenhum que me segure onde estou.

Quero ser uma cidadã do mundo e me preocupar em fazer o melhor que eu posso, mesmo que seja servir pratos gordurentos nos Estados Unidos, limpar o chão de um bar qualquer na Escócia ou cuidar de velhinhos na Alemanha.

O que diferencia isso de qualquer coisa produtiva que poderia estar fazendo aqui? O que diferencia isso de criar raízes num país com o qual eu nem me identifico?

Quero ir para o Nordeste também, conhecer como as pessoas do meu país vivem, como elas vivem num país tão diferente do meu.

Quero usar o meu tempo livre, não-remunerado, meu tempo útil no sistema capitalista para ser inútil e pobre, para não ser produtiva, para escrever todas essas linhas que já não consigo segurar dentro de mim.

Quero ir embora porque não tenho espaço em você e na verdade nem quero ter, pouco me importa o lugarzinho que você poderia um dia me dar dentro do seu coração. Talvez você nem tenha coração. Não me importa!

Quero ir embora com uma malinha pequena nas costas, avisar minha mãe um dia antes para ela não surtar e me fazer ficar com todas as suas culpas.

Quero ir embora e conhecer todos os amores da minha vida perdidos em cada um dos continentes e achar em cada um deles um lugarzinho no meu coração. Sim, eu tenho um coração, que pulsa e que está morrendo, batendo cada dia mais fraco, sentado nessa cadeira na região da Paulista com salário e benefícios, sem desafio e sem visão.

Quero ir embora, sozinha, deixando meu e-mail aberto para receber todo o amor virtualmente, o amor que virá de longe e me trará saudades.

Quero ter saudades de quem eu fui e viver intensamente quem eu sou!

Estou arrumando minha mala, minha pequena e insignificante mala, porque quero enchê-la de amor dos quatro cantos do mundo!

Até mais ver!

“Pack your bags, something small, take what you need and we’ll disappear...”

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